Como preparar o pasto para a época seca no Nordeste  
14.04.2015

Na maior parte do Nordeste brasileiro, os meses de fevereiro a julho são os mais favoráveis em termos de produção de pasto, devido ao calor e principalmente às chuvas que caem mais abundantes nesta época.

Após o período de abundância de alimento, sobrevêm vários meses, quando o pasto cresce mais lentamente e o pecuarista tem dificuldade de alimentar seu rebanho.
Como conseqüência, temos a diminuição da velocidade de ganho de peso dos animais e na maioria das vezes até mesmo perda de peso do gado. Este é um dos motivos principais da elevada idade de abate dos animais, bovinos e ovinos, brasileiros e também das taxas de prenhez relativamente baixas alcançadas pela maior parte do rebanho.

No texto abaixo abordaremos alguns princípios que podem ser seguidos pelos pecuaristas para evitar o efeito deletério da falta de alimento para o gado.
Não iremos abordar a diferença entre os sistemas de pastoreio. Mas nunca é demais dizer que o sistema extensivo é pouco eficiente na produção de forragem, além de levar a desperdícios significativos do pasto por pisoteio e por diminuição do consumo voluntário pelos animais.

Assim, quem adota sistemas de rotação de pastagens, desde as mais simples até o sistema mais completo, o método Voisin, tem mais possibilidade de administrar a produção e o fornecimento de pasto aos animais. Com isso, pode-se trabalhar com taxas maiores de ocupação e obter melhores resultados econômicos do rebanho.

As práticas a serem adotadas

Pode-se afirmar com tranqüilidade que aquele pecuarista que realiza o pastoreio contínuo nunca consegue obter o máximo de rendimento de suas pastagens na época seca e menos ainda na época chuvosa.
Portanto, para que se alcance o maior desempenho das pastagens e dos animais deve-se manejar o pasto em rotação, de preferência com a adoção do pastoreio Voisin.

Mas vamos nos concentrar aqui em 3 alternativas principais
1)    Vedação de uma parte da pastagem;
2)    Plantio de pastagem temporária
3)    Formação de reservas forrageiras armazenadas

Proporcionar ao pasto, durante a estação chuvosa, um manejo que possibilite a máxima produção de matéria verde, é sempre uma forma inteligente de ter reservas para a seca. Assim, o gado pode aproveitar, durante os meses onde o pasto cresce mais lentamente, o crescimento excessivo do pasto que ocorreu durante o verão.
Mesmo assim, é uma forma barata reservar uma parte do pasto para vedação durante 90 dias, ao final da estação chuvosa. Assim, se possibilita um grande período de crescimento, onde se acumulará um material de qualidade inferior ao pasto verdejante. Mas que pode ser plenamente aproveitado pelo gado durante os meses mais críticos do ano. É importante que os animais recebam o chamado sal proteinado, para possibilitar a digestão adequada deste pasto bastante fibroso e assim obterem o desempenho desejado.

Esta solução, também chamada de feno em pé, é mais interessante de ser aplicada em regiões onde não existe chuva nenhuma durante a seca. Pois se ocorrerem chuvas esporádicas, mesmo de baixa intensidade, a qualidade do material fica comprometida. Também deve ser dada preferência para esta técnica para as pastagens que não criem talos excessivos, caso das braquiárias, do urocloa e do pangola.

Para aquelas regiões onde ainda existe a possibilidade de chuvas durante a época seca, a alternativa mais viável é o plantio de pastagens temporárias. As mais utilizadas são o milheto e o sorgo.

Com o plantio destas espécies no final da estação chuvosa, em maio ou junho, elas poderiam ser utilizadas cerca de 45-50 dias depois. 
São pastagens de grande qualidade nutricional e que podem proporcionar ganhos de cerca de 1.000 gramas de peso vivo por cabeça por dia, em lotações significativas, de 2-3 UAs por hectare.

O cuidado que deve ser tomado, é não deixar as plantas florescerem, pois se isto ocorrer não haverá mais rebrota. Portanto, para poder usufruir das vantagens deste tipo de alimento, o plantio deve ser escalonado durante 5 semanas. E o manejo deve ser feito em rotação, trocando os animais de piquete a cada 3-4 dias pelo menos.
Se assim for feito, e as poucas chuvas da época ajudarem, poderão ocorrer 2 a 3 rebrotas destes pastos temporários, prolongando sua ocupação até setembro ou início de outubro.

Esta alternativa, se bem utilizada, pode acelerar a venda de animais que estavam quase terminados, ajudando a descansar o restante dos pastos da Fazenda. 
A terceira alternativa pode e deve ser utilizada em qualquer região pecuária. O armazenamento de forragem, seja na forma de silagem, seja na forma de feno, proporciona ganhos que superam muito os custos envolvidos.

E são justamente estas técnicas que sofrem maior rejeição por parte dos produtores, pelo custo de maquinário e pelo trabalho envolvido. E o paradoxo é que são exatamente estas técnicas que podem dar maior estabilidade à alimentação do rebanho e coroar todo o trabalho que esteja sendo feito em manejo de pastagens.

Quanto mais produtiva for uma pastagem durante a estação chuvosa, maior o rebanho que poderá ser mantido ali. E maior, também, será o rebanho que deverá ser alimentado durante a seca.

Sendo assim, na moderna pecuária, que pretende ser competitiva e lucrativa, não se pode abrir mão do manejo intensivo de pasto durante a estação chuvosa e da existência de reservas forrageiras abundantes para a seca.

Fonte: portal Caroatá News
Autor: André Sorio - engenheiro agrônomo

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