Com tantas transformações, o produtor rural retoma uma preocupação fundamental para o funcionamento e crescimento da propriedade: quem assumirá a gestão da empresa quando estiver impedido de trabalhar?
A migração dos descendentes (filhos e netos) para a área urbana em busca de educação formal ou emprego, diminui gradualmente o número de moradores da área rural, que somam 36% da população brasileira. Os dados são do Censo Agropecuário 2017, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No Estado, existem 70.710 estabelecimentos rurais, dos quais, 20% pertencem a produtores individuais (propriedades particulares). Deste público, apenas 4% tem menos de 30 anos, o que representa 2.719 pessoas, enquanto que as pessoas com mais de 60 anos somam 26.750 moradores (38%).
O coordenador do Departamento de Planejamento e Projetos do Sistema Famasul, instrutor do programa CNA Jovem e produtor rural, Vidal Subtil explica que a situação melhorou, pois, há alguns anos era tabu conversar sobre as dificuldades encontradas no trabalho entre familiares. “Atualmente, o assunto é tratado com maior naturalidade, no entanto, alguns pontos ainda precisam ser melhor desenvolvidos para que a transição seja tranquila e segura”, observa.
Subtil que passou pela experiência da sucessão familiar na propriedade da família explica que um dos maiores obstáculos é criar atrativos para a permanência do sucessor dentro do negócio familiar. Isso porque antes, as atividades no campo eram vistas pelos herdeiros como algo mais braçal, com processos mais simples e comandado por apenas uma pessoa (o patriarca).
“Com o passar dos anos, o uso de tecnologias nos processos produtivos, a gestão da informação e até mesmo o aumento da demanda por mão de obra especializada fez com que o filho do produtor vislumbrasse no campo uma oportunidade de desenvolvimento pessoal e profissional”, explica o profissional.
Na avaliação do coordenador de projetos, um dos pontos que merecem maior atenção é conciliar o crescimento da família, por exemplo. Os filhos casam e chegam os netos, as necessidades aumentam e é preciso encontrar o equilíbrio entre as aspirações de cada sucessor e familiares.
“A propriedade rural é um negócio onde os sócios não se escolhem, não é um acordo, é uma situação na qual naturalmente eles compõem a sociedade, tendo como sócios, o próprio pai/mãe e irmãos, entre outros familiares. Isso pode ser benéfico, se os interesses forem comuns como pode ser um obstáculo, caso ocorra o contrário pode haver a individualização dos bens”, esclarece Subtil.
Fonte: Correio do Estado