Manejo e segurança alimentar nas mudanças climáticas são foco de submissão brasileira na ONU
11.05.2020

Uma nova submissão preparada pelo Brasil para o processo negociador da Organização das Nações Unidas sobre agricultura, encaminhada pelo Itamaraty, já está disponível na página da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC). 

O trabalho é resultado da articulação da Embrapa e da colaboração com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) com o próprio Itamaraty, responsável pelo envio, como instituição representante do governo brasileiro na agenda de contribuições internacionais.

Na empresa, a elaboração da submissão teve a colaboração de convidados pelo Portfólio de Mudanças Climáticas (PortMudClim) e foi coordenada pelos pesquisadores Gustavo Mozzer e Maria José Sampaio e pela analista Adriana Bueno, do Núcleo de Políticas Globais (Polg) da Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas (Sire), e pelo coordenador do portfólio, Giampaolo Pellegrino, da Embrapa Informática Agropecuária.

“Os dois focos da submissão foram os sistemas de manejo agropecuário avançado (incluindo sistemas de produção agropastoril e outros) e as dimensões de segurança socioeconômica e alimentar da mudança do clima no setor agrícola”, explicou Giampaolo. O pesquisador lembrou que a fundamentação da posição brasileira sobre o tema foi amparada pela argumentação técnico-científica de pesquisadores da área.

Segundo ele, a citação dos temas de manejo agropecuário avançado foi baseada na intensificação sustentável da pecuária, no melhoramento e na diversificação de forrageiras e no consequente aumento de produtividade da pecuária; na interação entre plantas e microrganismos; nas emissões em sistemas integrados, onde se apresentam os esforços de redução de emissão; no papel dos sistemas tecnificados, sustentáveis e integrados, como a ILPF e seu papel no balanço de carbono dos sistemas pecuários, além dos selos Carbono Neutro e Baixo Carbono.

Influência do clima sobre a agricultura

Sobre as dimensões de segurança socioeconômica e alimentar da mudança do clima no agro, de acordo com o pesquisador, as fundamentações foram baseadas na influência da mudança do clima sobre a agricultura, sua distribuição geográfica e o desenvolvimento socioeconômico e cultural do país. Foram destacados também o fortalecimento da resiliência, a capacidade adaptativa dos sistemas agrícolas e a importância da adoção de uma abordagem integrada e de ecologia da paisagem no desenvolvimento e implementação de políticas públicas.

“Também apontamos a intensificação, a diversificação e o aumento da eficiência no uso do solo, água, energia, insumos e trabalho, que contribuem para desenvolvimento local e regional”, disse. Ele ressaltou ainda as características da agricultura tropical e a diversidade ambiental, social, cultural e técnica do Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (Plano ABC).

Para além da agricultura, o pesquisador destacou outros pontos relevantes na submissão: informações confiáveis, acessíveis e inteligíveis são essenciais e estão no centro de uma visão de longo prazo e de suporte à implementação de políticas públicas a ser priorizada na criação de um Centro de Inteligência Climática na Agricultura (CICLAg). Ele diz que os esforços apresentados pelo setor agrícola são essenciais, mas insuficientes para atingir a segurança alimentar e nutricional em todas as suas dimensões.

"Elas vão além do sistema de produção e perpassam a interação com outros setores, no que se refere a logística, transporte, redução de perdas e de resíduos em cada etapa da cadeia, novas formas de consumo, uso de energia limpa e renovável, uso da terra e ecologia de paisagem, áreas vulneráveis, sanidade básica, armazenamento, qualidade e diversificação alimentar, disponibilidade de renda e acesso ao alimento, acesso a mercados e poder de negociação e investimento", explica.

Segundo Giampaolo, toda a argumentação apresentada na submissão é amparada pelo conhecimento produzido pelas redes de pesquisa da Embrapa, por meio da contribuição de pesquisadores e pela experiência do Mapa no desenvolvimento, implementação e monitoramento de políticas públicas.

“O objetivo principal dessas submissões e, consequentemente, da colaboração da Embrapa, é contribuir com a melhoria do entendimento nacional e internacional dos esforços que o setor agrícola brasileiro vem fazendo, tanto no que se refere ao controle de suas emissões, quanto à adaptação aos impactos da mudança do clima”, disse. Na sua opinião, é importante esclarecer o funcionamento dos sistemas tropicais e suas diferenças em relação a regiões temperadas.

 

Fonte: Embrapa

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