Na Amazônia, a degradação de pastagens está diretamente ligada ao excesso de água no solo.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) acaba de lançar a publicação “Tolerância relativa de doze híbridos interespecíficos de Brachiaria spp. ao alagamento do solo”, com dados da Amazônia que podem subsidiar o programa de melhoramento genético e lançamento de cultivares de forrageiras da instituição.
“O alagamento temporário do solo é comum em pastagens tropicais, ocasionando demandas de formação de pasto com espécies mais tolerantes a esse tipo de estresse”, explica Moacyr Bernardino Dias-Filho, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental e coautor da publicação.
Na Amazônia, a degradação de pastagens está diretamente ligada ao excesso de água no solo. A demanda por gramíneas tolerantes a esse tipo de estresse vem crescendo desde que se comprovou, no início dos anos 2000, que a síndrome da morte do braquiarão está relacionada à baixa tolerância de alguns capins ao alagamento do solo.
O novo boletim de pesquisa já está acessível para consultas e download no Portal Embrapa e na Infoteca-e, o Repositório de Informação Tecnológica da Embrapa.
Comportamento comparado
A pesquisa publicada avaliou e comparou o comportamento de 12 híbridos interespecíficos de Brachiaria brizantha x Brachiaria decumbens x Brachiaria ruziziensis. Para o estudo comparativo foram utilizadas as cultivares comerciais Xaraés e Basilisk, relativamente menos suscetíveis ao alagamento do solo, e a cultivar Marandu (conhecida como braquiarão), reconhecidamente intolerante ao estresse por excesso de água no solo.
As diferenças detectadas revelam que a cultivar Xaraés foi o genótipo relativamente mais tolerante ao alagamento do solo. Esse tipo de estresse pode ocorrer mesmo onde o excesso temporário de água no solo não for uma ocorrência naturalmente esperada.
Manejo inadequado
O pesquisador salienta que práticas inadequadas de manejo podem afetar a drenagem do solo, como o trânsito frequente de veículos e máquinas agrícolas, o pisoteio excessivo do gado em solos desprovidos de cobertura vegetal e a grade aradora, que origina a camada subsuperficial de solo compactado (pé-de-grade).
São coautores dessa publicação os pesquisadores da Embrapa Amazônia Oriental Moacyr Bernardino Dias-Filho e Eniel David Cruz; Monyck Jeane dos Santos Lopes, do Museu Paraense Emílio Goeldi; Sanzio Carvalho Lima Barrios, da Embrapa Gado de Corte e Cacilda Borges do Valle, já aposentada da Embrapa Gado de Corte (Campo Grande, MS).
Fonte: EMBRAPA