Cade não deve bloquear fusão entre Sadia e Perdigão  
19.08.2010
O Santander, que analisou nove decisões recentes do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre negócios envolvendo alto nível de concentração de mercado e elevou sua recomendação para compra de ações da BRF Brasil Foods. Para o Santander, o mercado já descontou o cenário mais pessimista em relação a eventuais restrições do Cade ao negócio. Desde o dia 29 de junho, quando a Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) recomendou que a BRF licencie as marcas Sadia ou Perdigão e aliene ativos a elas ligados ou venda as marcas de combate e marcas de margarinas, as ações da empresa recuaram 5,85%.

O tombo era ainda maior até o dia 12 de agosto, quando o Santander publicou o relatório. Nesse intervalo, o valor de mercado da BRF saiu de R$ 22,01 bilhões para R$ 19,93 bilhões. Ou seja, a empresa perdeu cerca de R$ 2 bilhões de seu valor na bolsa por conta da perspectiva de restrições pelo Cade.

Gabriel Vaz de Lima, analista do Santander, afirma não acreditar que o Cade recomendará o licenciamento das marcas Sadia e Perdigão. No cenário esperado pelo analista, a recomendação do Cade de que a BRF venda marcas de combate e seus ativos deve ser parcialmente seguida. "Em relação à marca Batavo, assumimos apenas a alienação dos ativos não lácteos", diz o relatório. Nos cálculos da instituição, a venda das marcas de combate teria um impacto de cerca de R$ 2 bilhões, 6% a 8% da receita esperada para a BRF em 2011.

Com base no estudo das nove decisões recentes, o Santander avalia que o Cade deve aprovar a operação no segundo trimestre de 2011. Os casos analisados foram a compra da Kolynos pela Colgate, a fusão da Brahma e Antarctica, a consolidação da Vale em mineração, a compra da Garoto pela Nestlé, a aquisição da Ripasa pela Suzano e VCP, a compra da Brasil Ferrovias e da Novoeste pela ALL e da Datasul pela Totvs. Além disso, também estudou a compra da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil e da Medley pela Sanofi-Aventis.

O Santander não espera que o órgão antitruste siga necessariamente as recomendações da Seae/SDE, como ocorreu em cinco dos nove casos analisados. O estudo também mostrou que, historicamente, o Cade não bloqueia acordos. Entre 2008 e 2009, dos 1.116 casos analisados, só dois foram bloqueados, diz o relatório.

O banco considera ainda que a possibilidade de o órgão exigir o licenciamento das marcas Sadia e Perdigão é "extremamente baixa". Adotar essa restrição significaria bloquear o negócio. Outra conclusão é que a BRF também poderia recorrer a tribunais federais para concretizar o negócio. O relatório lembra que quando isso ocorreu, as empresas absorveram suas aquisições, dificultando ou impossibilitando a reversão do negócio.

Vaz de Lima afirma que, como em outros casos, a BRF tem condições de recuperar market share perdido em função da eventual venda de ativos . Isso ocorreria por meio da expansão da capacidade de unidades já existentes, como Lucas do Rio Verde (MT). Ele diz ainda acreditar que a empresa também pode lançar novas marcas de combate.

Outra conclusão do Santander é que, no caso da alienação de ativos da BRF, a Marfrig poderia ficar impedida de comprar alguns ativos, como as categorias de congelados e carnes. A razão é que tem fatia significativa do mercado (7,6% em 2009). Já a JBS ou empresas internacionais, que não têm participação importante nesse segmento, teriam uma chance maior de adquirir os ativos da Brasil Foods.

A recuperação das exportações de carne frango - item importante na receita da BRF - e a expectativa de forte geração de caixa e redução de alavancagem também explicam a decisão do Santander de recomendar a compra das ações da empresa. "Também acreditamos que entre 2011 e 2012, a BRF fará aquisições fora do Brasil, que agreguem valor", diz o analista.

Fonte: Valor Econômico/ Equipe AgriPoint
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