Com as técnicas de manejo o impacto do período pode ser mais brando
O período de seca - quando tradicionalmente chove menos em algumas regiões do país - é um grande desafio para o produtor rural, podendo trazer uma série de problemas, caso não haja preparo devido ao enfrentar esse período sazonal. De acordo com o pesquisador em nutrição animal e zootecnista da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Rodrigo da Costa Gomes, um dos maiores problemas do período para a produção agropecuária é a falta de forragem para o gado, devido ao crescimento reduzido da pastagem no período.
Celso Oliveira, meteorologista da Somar, explica que boa parte do país tem seu período seco no inverno e que o trimestre junho/julho/agosto é o mais severo, na maior parte do Brasil.
“Consideramos um mês com chuva agrícola com acumulado de três dígitos. Então, em um mapa de três meses, espero pelo menos 300mm para considerar o período bom para a agricultura. Mas os 300mm aparecem apenas no leste do Nordeste, norte da Região Norte e na Região Sul, entre o sul do Paraná e o Rio Grande do Sul”, afirma o pesquisador.
Este ano, a maior preocupação é com a região centro-sul, os estados de Mato Grosso e Rio Grande do Sul, pela previsão de chuva abaixo da média, e os estados de São paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná, pela baixa umidade de solo.
Muitas vezes, a falta de forragem durante o período pode ocasionar na perda de peso dos animais, o que afeta os índices produtivos e reprodutivos do gado. Além disso a perda proteica, por conta da baixa qualidade do pasto na época, também afeta o desempenho da produção, como relata o produtor rural, Valdir Marques, de Tapira (PR), que teve sua produção atrasada por conta da estiagem.
“Atrasou tudo. Era pra arrancar em janeiro, mas só consegui em abril. Não dá pra semear o capim. As propriedades, que já estavam com pastagem degradada, estão com os animais emagrecendo por não achar o alimento, e o prejuízo será grande pois a seca mata a raiz, e com a chegada do inverno, a tendência é piorar”, desabafou Valdir.
Enfrentando o problema
Rodrigo da Costa Gomes, pesquisador em nutrição animal, comentou sobre algumas das técnicas de manejo que são efetivas para amenizar o período. Um dos primeiros procedimentos a serem realizados, antes mesmo do início do período de seca, é o diferimento de parte da área de pastagem, para que o rebanho tenha forragem disponível durante todo o período seco. O diferimento é valido para todas as situações, porém se feita uma adubação nitrogenada no início, o acúmulo de forragem será maior, e as folhas terão melhor qualidade nutricional.
Outra solução, para amenizar os efeitos da seca na criação de gado, é investir em suplementação para os animais. Para os rebanhos de matrizes e recria, o mais indicado é uma suplementação proteica, por permitir o ganho de peso moderado e a manutenção da condição corporal dos animais. Os suplementos proteico-energéticos são destinados a uma recria mais intensiva ou mesmo à terminação de machos e, principalmente de fêmeas.
Já os produtores de pequeno porte podem investir no uso de volumosos como feno, silagens e forragens picadas ou frescas, pelo fato de ser uma suplementação mais barata e poder ser consumida por, praticamente, todas as categorias do rebanho.
Os sistemas de integração, também podem ser uma excelente opção para reduzir os problemas do período seco pois pode garantir forragem em boa disponibilidade e qualidade. Os chamados “pastos de integração” podem ser utilizados para cria, mas normalmente são mais empregados para a recria e engorda, com altas produtividades.
Fonte: Sba1